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Profissões Do Futuro: O Brilho Da Inovação No Mundo Corporativo

Profissões do Futuro: o brilho da inovação no mundo corporativo

A informação fundamental para quem pretende construir uma trajetória profissional em inovação é: criatividade é bem importante, mas não é tudo. Reunir gente espontânea e cheia de boas ideias para inventar moda, sem nenhum método ou plano realista, está longe de configurar um projeto eficiente de inovação, porque ela é trabalho de equipe, sequência de fatos relacionados e de coisas que precisam ser feitas. Marketing, estratégia, tecnologia, desenvolvimento de produto ou cultura organizacional: nenhuma estrutura se estabelece no isolamento e longe de uma metodologia.

“Inovar é transformar conhecimento em novidade e novidade em resultado para o negócio”, diz Felipe Scherer, sócio da Innoscience, uma consultoria de gestão em inovação que tem entre seus clientes a Coca-Cola e a Gerdau. “Há uma fase do processo que é absolutamente foco em resultado e gestão de projeto e as competências criatividade e identificação de oportunidades são menos importantes.” Scherer é autor do livro O Time dos Sonhos da Inovação, da Alta Books, em que relaciona as principais lições de inovação de nomes como Steve Jobs (Apple), Mark Zuckerberg (Facebook), Sergey Brin e Larry Page (Google) e Jeff Bezos (Amazon).

“Do ponto de vista da empresa, a inovação é uma necessidade competitiva. Quem deseja inovar precisa de alguém que transforme esse desejo em realidade. É então que surge a demanda pelo profissional inovador e o gestor do processo de inovar”, diz Scherer. Segundo informações do Global Innovation 1000, levantamento que há dez anos estuda os 1 000 maiores investimentos do setor, as empresas mais inovadoras nem sempre são as que mais colocam dinheiro em inovação. O desempenho tem mais a ver com o modo como esse budget é utilizado do que com a quantidade. Nos próximos anos, a tendência é que as organizações aumentem o aporte em inovação radical, do tipo que surpreende pela novidade, mais do que em projetos que melhoram o que já existe e que hoje absorvem a maior parte dos recursos.

Profissões do Futuro: o brilho da inovação no mundo corporativo

Nas empresas, aliás, pode existir espaço para projetos de inovação em praticamente todas as áreas, da estratégia de negócios à tecnologia passando pela gestão de pessoas. Do desenvolvimento de produto às experiências de consumo e de relacionamento. A última pesquisa salarial da empresa de recrutamento Hays, em parceria com o Insper, mostrou que em São Paulo os salários de coordenador e gerente de inovação para marketing e vendas, partem de R$ 5 700,00 (coordenador) e R$ 10 000,00 (gerente), podendo chegar a R$ 11 500,00 e R$ 18 900,00, respectivamente. As estimativas variam de acordo com o tamanho das organizações.

Profissionais inovadoresNa essência, a inovação é fruto da cooperação. O gestor coordena o processo e cria condições para que a inovação ocorra e para que a cultura da inovação se espalhe por toda a empresa. Ele define uma estratégia e o modo como a equipe de profissionais inovadores identifica oportunidades, experimenta, implementa, avalia e mede resultados. Seu lugar é determinado pela estrutura hierárquica do lugar em que trabalha. A nomenclatura do cargo também. Em alguns lugares o gestor é gestor. Em outros, diretor, chief innovation officer, head of innovation, coordenador, gerente. O perfil é de liderança.

O gestor está sempre estudando – fora da organização ou em workshops internos. A formação, em geral, está ligada a negócios, marketing e/ou administração. Não existe faculdade de gestão de inovação, por isso além de uma graduação é recomendado embarcar nos cursos livres, MBAs e extensões oferecidos por instituições privadas e públicas, a exemplo do programa de extensão, MBA e pós da FIA/USP e da gestão estratégica de inovação tecnológica da Unicamp, oferecido pelo departamento de política científica e tecnológica da universidade. Esse último abrange, entre outros temas, pesquisa e desenvolvimento, marketing, logística, recursos humanos, finanças, planejamento estratégico, sustentabilidade e gestão ambiental.

Sob o radar do gestor, estão os agentes transformadores que fazem funcionar todo o sistema de gestão. Os profissionais inovadores precisam ter diferentes competências e habilidades, entre elas receptividade para mudanças; criatividade e capacidade de identificar oportunidades; persistência e atitude positiva; flexibilidade; abertura para novas soluções; saber ouvir; ser humilde e capaz de lidar com risco e imponderabilidade; ter autocontrole emocional; responder bem sob pressão; ser otimista e confiante; ter foco nos resultados; saber planejar, executar e mobilizar pessoas. Ter método e organização.

Interessados devem saber dessas demandas, claro, mas mais importante do que marcar todos os itens da lista, na tentativa de ser superinovador, é reconhecer onde estão seus pontos fortes e fragilidades. Ou seja, não é esperado que o time inteiro seja dotado de todas as competências desenvolvidas para o infinito e além, mas que apresente qualidades na hora e no lugar certos. Vale igualmente a orientação de investir na formação continuada, nos cursos livres, nas extensões universitárias e no discernimento, para saber enxergar o projeto e: 1) perceber em quais fases pode contribuir da melhor maneira; 2) quais habilidades precisa e pode desenvolver (leia mais sobre formação e repertório na entrevista abaixo).

Não existe inovação sem execução A gaúcha Carolina Rossi Wosiack, de 32 anos, vive em São Paulo. Ela é gerente de inovação da farmacêutica Roche para América Latina, uma companhia que investe 20% de sua rentabilidade em pesquisa e desenvolvimento. Carolina conta que nasceu em uma família de empreendedores habituada e discutir oportunidades de negócio no almoço de domingo. “Minha primeira formação foi em ciências políticas e relações internacionais na Universidade de Bolonha, na Itália. Depois, cursei a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que tem um programa de marketing muito focado em estratégia. Abri meu próprio negócio e fui trainee na Ericsson, onde trabalhei no Brasil e a Espanha. Lá eu fiz meu MBA em gestão de inovação e tecnologia”. Ao voltar de Madri, Carolina foi trabalhar na Johnson & Johnson, como gerente de produtos para inovação em OTC (que não precisam de prescrição médica). Experimentou por um tempo sustentabilidade e voltou para estratégia e inovação corporativa. De lá, gerenciour um time na Sanofi e hoje está na Roche, com o desafio de América Latina.

Na entrevista a seguir, Carolina compartilha um pouco de sua trajetória e experiência em inovação. “Muita gente acha que sabe o que é inovação. Acha que inovação é criatividade. Não existe inovação sem execução, não há valor em ter apenas boas ideias. É preciso torná-las realidade. Para isso você precisa de gente e de recursos. E o mais importante: tempo. O mais difícil é convencer as pessoas a ter essa vontade de investir em algo para retornos de longo prazo. Vejo que isso no nosso país ainda é um desafio, mas não é assim em todos os lugares.”

O que você mais gosta em seu trabalho?

Eu adoro conhecer as necessidades dos pacientes. Entender como podemos ajudar a melhorar o sistema de saúde na América Latina, entender como conseguimos articular com diferentes atores da sociedade e encontrar soluções que melhorarão o nosso futuro. Criar uma nova rota para nós, mesmo que em pequena escala. Ver o produto de uma ideia se concretizar.

O que significa para você trabalhar com inovação?

Trabalhar com inovação significa ter flexibilidade para entender diferentes perspectivas, determinação e resiliência para não desistir tendo em vista os inúmeros desafios que aparecem dentro e fora da empresa para inovar. Significa defender a inovação, ensinar para as pessoas o que se deve focar, formar e desenvolver em seu time. Significa trabalhar para que se entenda que inovação é uma função que deve ser aprendida e estabelecida nas companhias, assim como marketing e logística.

Por que trabalhar com inovação?

Inovação é uma função relativamente nova nas empresas. Assim como era o marketing nos anos 30. É um momento de formação do mercado. É possível influenciar muitos profissionais a seguir um caminho de visualização de oportunidades e de conhecimento amplo, por meio de métodos que irão auxiliar as empresas a atingir seu potencial. É uma área para quem tem um espírito empreendedor e, ainda sim, busca atuar em empresas.

O que faz um gestor de inovação?

É um trabalho difícil que demanda muita articulação política interna na companhia. A inovação ainda é vista por muitas empresas como um “gene recessivo” e por isso demanda muito suporte da alta liderança. Também é preciso conseguir estabelecer uma visão clara do tema para a companhia, buscar o engajamento das pessoas nos processos e ter visão de futuro. Mas é preciso lembrar que inovação não acontece da noite para o dia e não está somente nas “mentes brilhantes” das pessoas do departamento de inovação. É gerada através de um processo, estruturado e replicável.

Como se posiciona na equipe de inovação o profissional que não tem perfil de líder?

Para trabalhar com inovação você não precisa ser gestor de inovação. É possível atuar em um projeto como parte do time que explorará novas oportunidades. O colaborador fará pesquisas e falará com os consumidores. Também pode ser um funcionário de alto valor que contribua com ideias sobre a sua área de especialidade para os desafios de negócios da inovação.

Como se preparar para ser um profissional inovador?

Para se preparar, recomendo estudar os diferentes métodos que existem para inovação, como Design Thinking, Business Model Canvas, ferramentas de Lean Startup e World Café, e ler livros de especialistas, como Maximiliano Carlosmagno, Clayton Christensen e David Kelley. Recomendo também cursos, como o certificado em inovação de Stanford, e a presença em congressos como o da Anpei [Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras], uma referência do tema na América Latina.

Quando comecei a trabalhar com inovação não havia um caminho claro de como inovar, o que ler, como se certificar e como se preparar. Mas hoje há um instituto global, o GIMI [Global Innovation Management Institute], que estabelece guias e métodos para que seja mais fácil inovar.

FONTE: ESTADÃO

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